A cidade comunista brasileira que deu certo, os camponeses que foram mortos por ir à Cuba e a CRISE de identidade brasileira.

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Há algum tempo me surpreendi, meu pai(Stênio Diniz) abriu um livro sobre a história de Juazeiro do Norte e lá estava um retrato de meus bisavós. Eles esconderam alguns dos poucos remanescentes do genocídio anticomunista de Santa Cruz do Deserto(CE) no porão. Esta, uma comunidade religiosa que tinha como oferta, com a concessão ou bença do Padre Cícero Romão e as mãos do beato Zé Lourenço, levar os miseráveis e enfermos e dar oportunidades de vida com criação de um sistema de trabalho coletivo e com divisão de lucros, a cidade foi crescendo chegando a 2.000 habitantes. Certo dia a nossa "aldeia comunista" foi acordada com chuvas de tiros, foram mais de 2.000 assassinados por aviões de caça e perseguidos políticos, a cidade comunista que deu certo até que virou uma Auschwitz, hoje não sabe ao certo onde estão seus mortos, bastava-se dizer ser de Caldeirão para assinar sua carta de óbito. Mas o que mais me impressiona até hoje é que nenhum livro de história brasileira e quase nenhum crítico anticomunista ou pró socialista comenta a tal tragédia do Caldeirão.
Para começar ela aconteceu pelo pedido de Getúlio Vargas e nos livros de história vemos uma imagem limpa de Getúlio, mesmo ele sendo o carrasco de Olga Benário, mas, bem a lista de presidentes antepassa Getúlio, a nossa história não conta que durante o desmonte da Liga dos Camponeses, aonde Camponeses foram caçados após uma viagem à Cuba a convite de Fidel, ela também não fala que as companhias de petróleo se negaram a fornecer gasolina ao avião dos camponeses e que um a um foram sendo assassinados. Nossa história perpassa pelos terrores do cangaço, mas não cita nem de longe o que foram as chacinas dos latifundiários, é uma história seletiva, sabe-se de livros de história ocultos que estão nas bibliotecas secretas militares e que a história entregue ao povo não é de longe a factual.
Agora, durante esse novo golpe patrocinado pelo anticomunismo norteamericano, vemos surgir discursos que nos mandam ir à Cuba, estratégias como a PEC anticomunista, a escola sem partido sufocando o pensamento político nas universidades, e todos os atentados que surgem com a nova abertura e nosso terceiro poder sem julgamento, é que essa nova liberdade, essa nova liberdade de mercado consiga sufocar ainda mais nossa história, e perseguir todos que façam críticas com seus exércitos virtuais, consiga entrar em nossas casas pleiteando os mesmo antigos discursos e fazer o mesmo que aconteceu com Herzorg,
Nós brasileiros, enfrentamos claramente uma ditadura, o tio Sam sempre esteve presente em nosso país cometendo golpes, assassinatos e desmandos e comandando a nossa política, Serra e a CPI da Alstom não foram os primeiros, lá fora temos El Salvador, com seus kits de tortura. Ninguém está segura neste país porque estamos muito próximos do EUA e defendemos este país antilatinoamericano como modelo, ele quer perpassar segurança mas a realidade é que nossa força militar trabalha contra a gente, os militares tem nossos rostos e dados, nos fiscalizam. Por mais que se venda uma imagem de segurança, o Brasil da Copa e das Olimpíadas não é real, as megaconstruções são apenas arcabouços midiáticos, por trás dessas megaconstruções desses megaeventos temos muitos business, trocas de favores e chacinas.
O que fazer diante de um país completamente entregue e sucateado? Um país servil, acostumado a ser libertado para ser escravizado pela liberdade de mercado, a não falar para não se ajoelhar no milho agora repete o discurso que paulatinamente foi lhe colocado por uma lobotomia, agora temos um covil de Lobões mandando brasileiros, camponeses e comunistas à Cuba. Não vejo muita perspectiva, dou atenção aos trabalhos sociais e outras microrevoluções, o cenário brasileiro é incerto e midiático, os estrangeiros que vem até aqui se iludem, até visitam e se apaixonam pelas favelas, mas não são agentes políticos, à esquerda falta trabalho de base, enquanto a direita, ela monta Igrejas palacianas, tem grande parte das concessões de rádio e TV e missões em países do continente africano com o objetivo claro de desculturalização, foram privados de ter cultura própria e agora querem impor isso.

Referência:
livro: Juazeiro do Padre Cícero, A Terra da Mãe de Deus (Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros)
filme: O caldeirão da Santa Cruz do Deserto (completo- Rosenberg Cariry)
livro: Biografia de Francisco Julião- (Cláudio de Assis)

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