"Livre estou", relacionamentos abusivos, amor livre e a SÍNDROME DE FROZEN

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Tem um zilhão de sentimentos acontecendo em minha cabeça, essa inconstância do universo e das relações sociais em nossa geração, esse acúmulo de conhecimentos e esse compartilhamento instantâneo me provoca uma mudança explosiva em questão de segundos. O que sem muita meditação, escrita, leitura e uma xícara de café à madrugada em claro, eu não passaria fácil. 
Todas essas fobias me tirando fora meus melhores sorrisos, às vezes eu desejo que algo aconteça e me guie por impulsos, mas ao mesmo tempo me vem essa fé e vontade de fazer coisas, e fazer com que elas sejam importantes, e contrário ao desejo meu corpo nu aos 60 anos, deitado no azulejo gelado esperando sentir alguma coisa, eu me olhando no espelho, minha vaidade enrugada, minha escrita sem remetente.
Eu apreciaria conversar sobre ser humano, o quanto persistir na existência é difícil aqui e agora, estamos numa época de bebês com touch screen, crianças que não sabem escrever mas passam áudios, traições pelo tinder, casamentos durando cada vez menos e ainda assim somos incapazes de detectar mudanças em nós, completitude e vagueza. Todo esse karma geracional, a globalização de sentimentos e uma carga de responsabilidade e penitência por esse estado letárgico e transitório que nos vem a conta gotas na nossa veia, como dói não?
Nós aprendemos as lições, que mudam todo dia no microuniverso inconstante da ciência televisionada, a melhor forma de amar, comer, viver bem para sermos aprovados em nosso tempo. Eu sei que quando se trata de espírito e humanidade, só sabe bem quem passou, mas é inegável, nunca o barco demorou tanto para chegar, estamos passando em um estado epilético de sensações e relações, a instantaneidade com que levamos o barco à procura do ouro dos tolos é sintomática, estamos doentes.
A primeira vista é impressionante, todo aquele desejo por algo que vai brilhar para sempre, desbravamos oceanos com essa missão napoleônica ao invés de passar um fax, ou melhor um zap. Lembro de um texto de um nativo indígena nosso, de como ele não entendia o mercantilismo. Como todos esses estrangeiros viajavam anos à fio, muitos voltavam velhos ou nem voltavam, para entregar seu possível acúmulo de riquezas para seus filhos e esposa desfrutarem, enquanto os filhos dos nativos numa visão bem oriental de educação, sabiam carregar tudo que fabricavam, aprenderam a pescar com suas próprias ferramentas, era tudo que precisaria qualquer um para continuar, exatamente o que os pais ofereciam.
Depois vem a desilusão, o tempo de meia vida do ouro de tolos não é eterno, é tão falso, tem um fim. É esse sentimento que carrego das relações abusivas, o conflito de não serem eternas causa um luto em quem as possui, agora somos bombardeados por tantos fins de relacionamentos que estamos bloqueados, andando em cascas de ovos quando o assunto é amor, todas as relações estão em jogo.
Eu ando um pouco frustrada com a presença desse sentimento de vida predatória rondando as relações sociais, fomos educados a entender o amor como um contrato o qual o sangue é promissória. Então nós entregamos nossas manhãs em claro, nossa pequena solitude, todo o momento em que tentamos ouvir nossa própria voz chega um convite para uma festa, você quer andar só alguém pergunta "você está só?", não respeitamos o quadrado do outro, pegamos a mão do outro e fazemos de caneta, nos guiamos como amantes cegos ao invés de desejar se construir, cada um em si, no amor.
Dois filmes explicam bem esse momento que passamos. Uma é a história de Frozen, "livre estou" ela expressa tão bem a mudança dos contos de fada o qual passamos, que vigilantes do credo alheio sabendo do perigo, acusaram de incitarem ao "homossexualismo", sim usaram essa palavra. O filme, mostra dois extremos, o caminho frio para a liberdade ou amor, perseguido de preconceitos e ao mesmo tempo o perigo da instantaneidade o qual mulheres entregam suas vidas, à estranhos com a tarja de amor. Imagina o perigo o qual passaria Ana se tivesse casado? Quando o amor, livre, independe, não está só no amor possessivo e tolo dos contos de fada.
Outro o filme Her, retrata um homem, num futuro distante, sofrendo o luto de um relacionamento com toda a dificuldade laciva de encontrar alguém que se encaixasse em seus mínimos fetiches e desejos. O personagem, a primeira vista, não é perfeito, mas ele o busca e encontra em uma máquina/sistema, o que não sabia era que esse sistema se comunicava com outros sistemas ao mesmo tempo. O fantasma que assombra o personagem principal é o mesmo que nos assombra, a fragilidade das relações por essa conexão tão rápida, que não necessariamente é fulgaz mas faz a gente, aí chega onde quero chegar, faz a gente se reconstruir e desejar uma identidade permanente. 
Eu fiz esse post porque estou com uma certa fobia da rapidez com que máquinas se apaixonam e rompem, e viram a cara, e bloqueiam, ou levam por anos uma relação abusiva, uma legião de zumbis sem personalidade a procura do amor,  quando amor está em todas relações e exige autoconhecimento e conhecimento do outro, deixa o tempo e o espaço amadurecer, que o amor para nascer precisa ser livre.

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